9.6.09

Director da Cinemateca precisa-se

09.06.2009 - Kathleen Gomes


Discutimos o perfil do futuro director da Cinemateca - e, já agora, o futuro da Cinemateca - com uma dezena de personalidades nacionais e estrangeiras. Realizadores, directores de cinematecas e professores de cinema dizem que a tarefa de escolher o sucessor de Bénard da Costa pode ser tão complicada que o melhor é mesmo lançar um concurso público.

O site da Cinemateca Portuguesa ainda diz que o seu director é João Bénard da Costa.
Sinal de que, mesmo na era da Internet, as instituições continuam a ter o seu tempo próprio ou vénia à memória do último e influente director, que morreu a 21 de Maio?
Nos últimos dias, têm circulado rumores entre pessoas ligadas ao cinema - nomeadamente, o de que o novo director da Cinemateca Portuguesa já estava escolhido -, mas o sucessor de João Bénard da Costa permanece uma incógnita. Na semana passada, quando interrogados por jornalistas, tanto o ministro da Cultura quanto a sua secretária de Estado, em ocasiões diferentes, recusaram falar do assunto. José António Pinto Ribeiro disse que qualquer decisão do seu ministério seria anunciada no Parlamento. Ontem, Rui Peças, assessor do ministro, garantiu ao P2 que "não há ninguém escolhido" e que uma decisão deverá ser tomada "o mais breve possível".

Sem confirmar se foi ou não convidado a assumir a direcção da Cinemateca, Pedro Mexia diz que pretende cumprir os três anos do seu mandato enquanto subdirector até ao fim. A sua nomeação pelo próprio Bénard da Costa, em Abril de 2008, causou alguma surpresa. As maiores reservas, em termos de percepção pública, prendiam-se com o facto de Mexia, poeta, cronista e crítico literário do PÚBLICO, não ter créditos firmados na área do cinema, para além de uma breve experiência como crítico de cinema no Diário de Notícias. Mas, pelas suas características - um intelectual com interesses diversificados, católico, para quem o cinema não é a primeira actividade (quando começou a programar ciclos de cinema na Gulbenkian, Bénard da Costa já tinha sido professor e trabalhado na revista O Tempo e o Modo) -, Mexia é alguém em que o ex-director da Cinemateca terá reconhecido uma projecção de si próprio.
José Manuel Costa, colaborador directo de Bénard da Costa, ideólogo do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), o centro de conservação e restauro da colecção de filmes da Cinemateca, pareceu, durante anos, o sucessor provável, mas abandonou as funções de subdirector no final de 2005, em divergência com Bénard. Recusa pronunciar-se sobre a questão da sucessão, embora seja apontado por directores de algumas cinematecas europeias como um candidato "preparado e competente". José Maria Prado, director da Filmoteca Española, que tem uma estreita relação com a sua congénere portuguesa há mais de 20 anos, nota que esta "é muito reconhecida pelo trabalho que levaram a cabo João Bénard da Costa e José Manuel Costa, que sempre viajaram juntos a qualquer congresso da FIAF", a federação internacional das cinematecas. Gabrielle Claes, a directora da Cinémathèque Royale de Belgique, em Bruxelas, também considera José Manuel Costa "uma pessoa preparada, a única além de João Bénard da Costa que vemos no exterior e que conhece bem as outras cinematecas; espero que ele encontre um lugar e um papel no pós-João Bénard da Costa".

Qual é a missão
A criação de um concurso público para escolher o sucessor de Bénard da Costa é uma ideia que reúne consenso entre as pessoas ouvidas pelo P2. O realizador João Mário Grilo já tinha defendido essa solução em declarações ao PÚBLICO (22/05/09). Isso permitiria que os candidatos "apresentassem um programa, até porque não é claro o que é que, a nível público, se pensa que é a missão da Cinemateca", diz Pedro Borges, da distribuidora e produtora Midas Filmes. "Se houvesse uma ideia clara, não havia polémica sobre a Cinemateca no Porto, estava definido que ela não é um exibidor cineclubista. Os ministros não fazem ideia para que é que deve servir a Cinemateca. O melhor é fazer um concurso público, avaliarem-se as propostas e o director ser escolhido por um júri. Assim, fica completamente claro o que é que a Cinemateca vai fazer nos próximos cinco anos. É a vantagem."
Para José Manuel Costa, essa é uma solução "possível e adequada". Admite, até, que seja um concurso "transnacional", como é comum noutras cinematecas da Europa e dos Estados Unidos.
"Se não houver cá [candidatos], importem-nos", diz o realizador João Botelho. "Pinamonti não veio dirigir a ópera [Teatro de São Carlos], e não fez um bom trabalho? O curador do Museu Berardo não é um francês?"
José Manuel Costa sublinha que "é preciso perceber que lugar é que é", um aviso a quem possa pensar que "não é preciso nenhuma preparação especial".
Requisitos mínimos: "Tem de ser alguém do cinema", ressalva Pedro Borges. "O que vemos acontecer desde sempre na Cinemateca é: 'Nós amamos isto profundamente, venham cá porque queremos mais gente para amar isto profundamente'", descreve José Neves. "E é necessário que este trabalho, que foi sempre feito com um cuidado e uma sabedoria muito grandes, continue a ser feito. O director de uma cinemateca deve ter esta sabedoria e este sentido cívico da passagem da paixão pelo cinema".
João Botelho pede que seja "uma pessoa culta, por favor". "Tenho medo que venha um gestor, que metam alguém para fazer dinheiro, com a mania que há agora das parcerias e da rentabilidade. Uma cinemateca nunca será uma coisa rentável."

Herança difícil
O mesmo defende Dominique Païni, ex-director da Cinemateca Francesa, entre 1991 e 2000, e amigo de João Bénard da Costa ("telefonávamo-nos duas a três vezes por mês"). "A maior parte dos directores de cinematecas do mundo são administradores, que sabem trabalhar em escritórios, que são funcionários. Bénard da Costa era um dos raros intelectuais." Diz que "é essencial" que a Cinemateca Portuguesa seja "dirigida por um intelectual", uma "personalidade cultural incontestável, e não por um político ou um burocrata".

Bénard da Costa deixa "uma herança difícil", como lembra José Neves. Não porque para trás fique uma instituição fragilizada - a opinião generalizada tira o chapéu à qualidade da sua equipa, "capaz de dar continuidade ao projecto museológico que foi definido", garante José Manuel Costa -, mas porque até agora Cinemateca e João Bénard da Costa se confundiam. Dois em um. "Até devido à forte personalidade do João Bénard da Costa, as pessoas iam ter com ele, passava a ideia de uma grande concentração". Apesar de ter sido o terceiro director da Cinemateca - os anteriores foram Manuel Félix Ribeiro, até 1982, e Luís de Pina, até 1991 -, Bénard da Costa era muitas vezes tido como o seu fundador, porque, como afirmava João Mário Grilo há dias, no PÚBLICO, foi ele que lhe deu identidade. Dominique Païni diz que Bénard "tinha uma visão filosófica do lugar cinemateca". "Para ele, a cinemateca era uma utopia, uma espécie de país ideal. Havia Portugal, os países da Europa, o mundo, e a Cinemateca - um planeta ao lado, que tinha uma pretensão enorme: a de querer trazer coisas melhores ao mundo."
Païni sobre Bénard: "Não se pode substituir um homem como ele".
Para além de todos os atributos que o tornam único - "um homem de escrita e pensamento", com "uma grande habilidade política que lhe vinha do seu estatuto de intelectual" (palavras de Païni) -, João Bénard da Costa era um dos últimos "directores de cinemateca da linha mais histórica", sublinha José Maria Prado. Apesar de ser mais novo do que os pioneiros das cinematecas europeias, entre eles Henri Langlois, da Cinemateca Francesa, e Jacques Ledoux, da Cinemateca belga, e apesar de não ser, como eles, um conservador de filmes, era a esse clube que pertencia. Bénard da Costa chegou a conhecer Henri Langlois, que foi uma influência decisiva para a sua própria visão de uma cinemateca. Païni recorda que isso o ajudou quando foi nomeado director da Cinemateca Francesa em 1991. "Ele conheceu Langlois e, por isso, era muito considerado em França. Afirmou publicamente que eu era o primeiro director digno de Langlois e isso foi muito importante para mim, deu-me uma legitimidade."
"A morte de João Bénard representa o fim de uma era por que outras cinematecas já passaram antes", lembra Pedro Borges.
Tanto Dominique Païni como Gabrielle Claes sabem quão difícil é suceder a directores históricos. Langlois morreu em 1977, o que deu origem a "crises sucessivas" durante "12 a 13 anos" na Cinemateca Francesa, "com imensos conflitos de poder para ocupar o lugar de Langlois", explica Païni. "Perguntaram-me se eu queria dirigir a cinemateca e eu aceitei, mas em termos extremamente brutais. Internamente, havia uma devoção por Langlois e era preciso seguir em frente."

Mostrar o cânone
Quando Jacques Ledoux, o fundador da Cinemateca belga e seu conservador durante 40 anos, morreu repentinamente, em 1988, o período de incerteza durou um ano, lembra Gabrielle Claes, a sua sucessora. Claes trabalhava com ele há 15 anos. A Cinémathèque Royale de Belgique tem o estatuto de fundação de interesse público e funciona como um organismo privado, com um conselho de administração. É subsidiada pelo Estado mas não depende de qualquer ministério. "Um dos administradores foi designado interino, para assegurar o funcionamento. Disseram-me que estavam a pensar em mim, mas que achavam melhor abrir um concurso público. Percebi que era lógico fazer isso: era uma forma de melhor legitimar a sucessão." Gabrielle Claes é a directora da instituição desde 1989. O conselho de administração é formado por realizadores, produtores, "dois ou três jornalistas de cinema", e presidido por um homem da finança, que também é professor universitário no domínio da economia. É o órgão da direcção que define "as orientações estratégicas" da Cinemateca. Claes é a sua "mandatária", como ela própria explica.
"Saímos do período dos pioneiros: Henri Langlois, Freddy Buache, da Cinemateca de Lausanne [Suíça], Raymond Borde [Cinemateca de Toulouse] e Jacques Ledoux. São os primeiros directores de cinemateca, muito identificados com a instituição, muito dedicados, e os sucessores nem sempre são evidentes", resume Claes. "É um momento difícil, em que as pessoas perguntam: 'Será que [o sucessor] vai estar à altura?'. A sucessão é um pouco difícil. Mas também é inevitável."

E isso significa "matar o pai"?
"Não se pode continuar esquecendo a mensagem de João Bénard da Costa. Mas dirigir a Cinemateca imitando o João Bénard da Costa não é possível. O 'pai' está morto, infelizmente. Morreu por si", diz Dominique Païni. "É preciso continuar uma obra. Mas continuar, sem dúvida, com outro estilo. A pessoa designada deve, ela própria, impor o seu estilo. Em 2010, não se pode fazer como João Bénard da Costa fez."
José Manuel Costa lembra que em 1980, ano de abertura da sala de cinema na Rua de Barata Salgueiro, a Cinemateca Portuguesa era "o único sítio onde se podia ver a história do cinema, e esse foi o contexto que determinou toda a doutrina de fundo". Entre as décadas de 1980 e 1990, enquanto a Cinemateca estava ocupada com a sua reformulação estrutural, com a busca de um modelo que lhe permitisse uma autonomia administrativa, e a criação do arquivo para a sua colecção de filmes (ou seja, enquanto a Cinemateca Portuguesa estava a fazer o trabalho que as cinematecas pioneiras já tinham feito em grande parte), ainda não existia um mercado "maciço" de consumo doméstico de filmes, que inclui os chamados clássicos do cinema - território por excelência das cinematecas. O panorama mudou, nota José Manuel Costa, o que obriga a Cinemateca a "repensar alguns dos parâmetros de funcionamento e a relacionar-se com o exterior de uma forma que ajude a pensar as novas necessidades". Dito de outro modo: "Quando somos os únicos, temos de fazer determinadas coisas. Quando não somos, temos de repensar a nossa relação com os outros."
Não são só os DVD, nota o ex-subdirector da Cinemateca. É a proliferação de escolas e cursos de cinema e audiovisual no país, "onde se estão a formar pessoas com lacunas devastadoras ao nível da história do cinema", e o aumento da investigação universitária na área do cinema, praticamente inexistente até há pouco mais de uma década - "há imensa gente com bolsas a fazer mestrados e doutoramentos". A Cinemateca Portuguesa, diz José Manuel Costa, tem uma identidade que está bastante definida: "Há dias, voltei a ver nos jornais alguém a dizer que a Cinemateca não pode tornar-se num museu. É aquela ideia de que o museu é uma coisa morta. É um disparate total, de alguém que não sabe o que é uma cinemateca. As cinematecas são os museus de cinema desde que foram criadas nos anos 30 do século XX. O que há a fazer, como em todos os museus, é adaptá-las ao mundo que as rodeia".
Pedro Borges: "Desde que se criou a ideia de que tudo está acessível e que se pode ver tudo, é ainda mais importante que haja alguém que diga o que é isto e o que é aquilo, que estabeleça um cânone. A Cinemateca serve para mostrar o cânone, para formar gosto".
Dominique Païni está a falar de Lisboa: "Vocês têm a Gulbenkian, têm um óptimo museu de Belas-Artes, mas não têm o equivalente a um Prado ou a um Louvre. Mas, para o cinema, têm o equivalente ao Louvre - é a Cinemateca".

1.4.08

Senhas de refeição serão vendidas também nas sedes de Agrupamento

O Diário de Aveiro passou a manhã no Gabinete de Atendimento da Câmara de Aveiro, onde pais e encarregados de educação entupiram os serviços da autarquia para adquirir as senhas para refeições escolares, que a partir de hoje devem ser entregues. Os pais mostraram-se revoltados com uma medida que afecta quase seis mil famílias

O descontentamento era geral e visível ontem, durante a manhã, no Gabinete de Atendimento da Câmara de Aveiro. Pais e Encarregados de Educação aguardavam vez para comprar as senhas de refeições escolares que, por decisão da autarquia, deixou de poder ter lugar nos próprios estabelecimentos de ensino.
Os serviços tiveram dificuldade em dar resposta e a população foi-se acumulando dentro e fora do gabinete. «Tem de tirar senha», alertavam a quem chegava de novo. «Eu já cá estou há mais de uma hora», garantia Júlia Pereira, agitando a senha número 75 no ar. Não vem de longe, mas sabe que há quem venha. «Temos de vir todos para aqui: os de longe, os de perto, os que trabalham… O senhor vereador é que devia vir aqui para a fila», atira.
Nestes e noutros comentários ressalta a revolta dos encarregados de educação. António Rodrigues vem comprar senhas para o filho, que estuda na EB1 da Vera Cruz. Tem a senha 91, tirada às 10 horas. Já leva 90 minutos de espera e uma multa no carro, que não ajuda ao bom humor. «Se os outros pais decidirem protestar, eu estou de acordo», assegura.
Ana Arabela Leite vem ao mesmo. Vai levar senhas para os sobrinhos – «porque a minha cunhada não pode vir cá» – e para a filha, para o mês todo. «Não posso vir cá todas as semanas», justifica. Por isso vai pagar os 28 a 30 euros, que um mês de refeições escolares custa. «O encargo é muito maior», aponta, «e nem sei se a minha filha vai almoçar os dias todos, pode ter de faltar, pode adoecer… não sei se as senhas podem ser utilizadas noutros dias».
Com a senha número 128, esperam-na cerca de duas horas em pé a aguardar a sua vez. «A hora prevista para o atendimento é às 13.31», lê na senha. «É ridículo termos de interromper o nosso dia de trabalho para vir comprar senhas», conclui esta mãe.

«Medida não faz sentido nenhum»

«É uma medida que não favorece as famílias, que têm de se deslocar de longe, e isso não faz sentido nenhum», defendeu Fernando Pereira. O presidente da APEVECA - Associação de Pais e Encarregados de Educação das Escolas da Vera Cruz de Aveiro, que também aguardava ontem pela sua vez para comprar senhas, apelou a que «os órgãos autárquicos, Assembleia Municipal e partidos políticos se unam para fazer ver ao senhor vereador e ao senhor presidente que esta é uma medida inadequada, parece uma medida de terceiro mundo».
«Como número um de uma associação, a mais antiga do distrito e a mais numerosa, em 32 anos de existência não tenho conhecimento de uma medida tão má», afirma Fernando Pereira, que se mostra «desiludido com a Câmara» e avança com uma nova dúvida: «Ainda hoje uma mãe nos levantou uma outra questão. Nós corremos o risco de um dia as nossas crianças ficarem sem alimentação, porque a Câmara recebe o dinheiro mas não sabemos se o vai pagar à empresa, e a empresa pode recusar fornecer a alimentação», conta o presidente da APEVECA. «Eu quero crer que, apesar das dificuldades, a Câmara é uma entidade de bem e que as nossas crianças não vão ser penalizadas, mas começo a acreditar que as dúvidas dos pais fazem sentido», diz.
Apesar de partilhar da revolta geral, Fernando Pereira assegura que a APEVECA não aprova medidas como o fecho de escolas, antes defende a via do diálogo.

Venda nos agrupamentos

Eram 12.20 horas quando uma funcionária afixou na porta a mais recente deliberação da autarquia. Um edital define que a venda de senhas passará a ter lugar também nas sedes dos sete agrupamentos de escolas do concelho, decisão que resulta das reuniões realizadas na última semana.
Os pais que aguardavam há horas pela sua vez não esconderam a sua indignação. «A reunião não foi hoje. Porque é que só agora é que informam?», questionavam. «As pessoas que estão aqui trabalham», atiram, perante uma funcionária impotente. Eles, que estão lá em cima, é que deviam vir aqui explicar a quem está aqui há horas o que é que se passa», defendia António Rodrigues, que continuava com a senha 91 na mão. «Esquecem-se que as pessoas que estão aqui é que elegeram quem está lá em cima…», diz, indignado.
Uns viram costas, outros garantem que vão pedir o livro de reclamações. Também Fernando Pereira garante que o fará, e que voltará a escrever nele de cada vez que tiver de voltar ao Gabinete de Atendimento da Câmara para comprar senhas. «E nos agrupamentos também», assegura, mostrando-se pouco convencido com a nova alteração. «É uma medida idêntica a esta. Os pais das crianças de S. Jacinto, por exemplo, que pertence a Aveiro, também vão ter de se deslocar à sede de Agrupamento… não faz sentido nenhum», conclui.

Junta de Santa Joana também vende senhas


A Junta de Freguesia de Santa Joana também vende as senhas de refeições para os alunos desta área geográfica. Vítor Martins, autarca local, esclarece que a decisão foi tomada na sequência das recentes reuniões com a autarquia e que a medida já entrou em funcionamento ontem. Para isso, a Junta de Freguesia recebeu da autarquia «o programa informático e os nomes das crianças e o seu escalão» e efectua a venda, entregando aos encarregados de educação a factura.

Soraia Amaro
http://www.diarioaveiro.pt/

Terça-feira, 1 de Abril de 2008

17.8.07

(3) Reserva Natural da Malcata

Concurso para construção do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro publicado ontem em DR

Malcata inconformada com escolha de Silves para o regresso do lince em Portugal
17.08.2007 - 20h05 Ana Machado


A silhueta do lince ibérico que aparece no site da Câmara Municipal de Penamacor não deixa dúvidas. A vila, que partilha com o Sabugal o domínio da Reserva Natural da Malcata, tem no lince um dos seus símbolos. Por isso não se conforma com as recentes notícias que dizem que o Governo escolheu Silves, no Algarve, para acolher o primeiro centro de recuperação da espécie em Portugal. A abertura de concurso para a construção daquele que será o Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico já foi publicada ontem em Diário da República.

A notícia não caiu bem em Penamacor. Domingos Torrão, presidente da Câmara Municipal de Penamacor, disse ontem à Lusa que a instalação de um centro de reprodução do lince ibérico (Lynx pardinus) no Algarve contraria o trabalho feito, nos últimos anos, na Serra da Malcata para receber aquela estrutura.

A instalação em Silves do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro, em colaboração com o Parque Doñana, no Sul de Espanha, foi anunciada em Julho pelo ministro do Ambiente, Nunes Correia, depois de, há dois anos, a equipa espanhola que lidera o programa de recuperação do lince ibérico ter falado na hipótese da Malcata. Apesar de também ter então apontado a degradação daquele que foi o santuário do lince em Portugal, na década de 70.

Lurdes Carvalho, vice-presidente do Instituto para a Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) disse ao PÚBLICO que não se trata de uma escolha entre a Malcata ou Silves, mas sim de uma questão de oportunidade que favoreceu, definitivamente, a região de Odelouca e Silves: “O principal argumento a favor de Silves prende-se com medidas de compensação da construção da barragem de Odelouca impostas a nível da União Europeia”, afirmou, lembrando que Odelouca também é uma zona histórica relacionada com a presença de lince ibérico.

“Mas a Malcata poderá sempre vir a receber espécimes nascidos em Odelouca ou vindos directamente de Espanha”, acrescenta, frisando o investimento que nos últimos anos foi feito na recuperação do habitat da Malcata, conforme refere o autarca de Penamacor.

Segundo um estudo da União Mundial para a Conservação (IUCN) divulgado em Maio, sobre os mamíferos em risco de extinção na Europa, só em Donãna e Sierra Morena (sul de Espanha) resistem populações de lince ibérico viáveis a longo prazo. Apesar de em 2003 uma equipa coordenada pela investigadora portuguesa Margarida Santos Reis, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ter anunciado a descoberta de excrementos de lince nas imediações da barragem do Alqueva, facto comprovado com análises de ADN.

Existem pouco mais de uma centena de exemplares na Península Ibérica, reduto exclusivo desta espécie que é o felino mais ameaçado do mundo.

A reprodução em cativeiro vai acontecer ao abrigo de um programa ibérico de repovoamento, cujo protocolo será assinado a 1 de Setembro, adiantou Nunes Correia, quando, no âmbito do Conselho Informal de Ministros do Ambiente, a ministra espanhola do Ambiente, Cristina Narbona, visitar Lisboa.


[Anexo a este post do Divas & Contrabaixos]

12.6.07

(2) Resposta à Petição contra a violação da liberdade de expressão na Venezuela

De: Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en la República Checa
Responder para: Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en la República Checa
Enviado: terça-feira, 12 de junho de 2007 13:43:21



Nº E.1/161
Praga, 05 de junio de 2007



Estimado (a) amigo (a):

Por medio de la presente aviso recibo de su e-mail entorno en el cual usted se hace eco de las informaciones sesgadas por los medios de comunicación en cuanto al caso RCTV, comenzando por la errada utilización del término: “cierre”, cuando se trata del ejercicio del derecho soberano de un Estado de no renovar una concesión, luego de vencida esta. El espectro radioeléctrico es Bien del dominio público y pertenece en su totalidad a la soberanía del Estado, por lo que casos similares de no renovación de concesiones se dieron en: Francia, Inglaterra, Irlanda, Rusia, Banglades, Perú, Uruguay y el Salvador, por citar algunos.

La Televisión RCTV continúa transmitiendo por cable y por dos emisoras de radio: 92. FM y Radio Caracas Radio AM (RCR AM), por lo tanto no se trata de un cierre ni mucho menos de una negación a la libertad de expresión, la cual es plena y absoluta en mi país.

Si usted considera que no es así, le invito a que visite las páginas de Internet de las diversas estaciones de radio y televisión venezolanas, las cuales son: Globovisión, El Nacional, El Universal, El Mundo, Tal Cual, etc., cuyas direcciones estoy segura que usted encontrará en los buscadores respectivos. Así mismo, hago de su conocimiento que la Comisión Nacional de Telecomunicaciones de Venezuela, CONATEL, dentro del proceso de renovación de títulos a emisoras de radio cuya licencia venció el 24 de mayo, entregará cinco habilitaciones a las siguientes emisoras privadas de amplitud modulada (AM): Radio el Sol de la Fría y Radio Ecos del Torbes, de Táchira; Atilio Higuera Miranda, de Zulia; Radio Nueva Esparta; y Radio Simpatía, en Valera, Estado Trujillo. ¿Cree usted que en mi país no hay libertad de expresión?.

En cuanto a los lamentables hechos acaecidos en la manifestación estudiantil, el pueblo venezolano ha manifestado preocupación y repudio, en forma pública a través de sus gobernantes entre ellos, el Presidente Hugo Rafael Chávez Frías, ya que las anteriores manifestaciones a favor y en contra del Gobierno fueron de carácter pacífico y sin incidentes que lamentar.

Ya que usted manifiesta interés y preocupación por mi país, permítame invitarlo a mis oficinas, en los cuales abundaré y documentaré mayores detalles sobre estos particulares, con vista a los cuales estoy segura de que usted modificará su opinión entorno a estos hechos, al propio tiempo, que como venezolana me sentiré honrada de tenerle entre los amigos de esta Embajada.

Sin otro particular a que hacer referencia, atenta y bolivarianamente,

María José Báez Loreto
Ministro Consejero
Encargada de Negocios a. i.


[Anexo deste post do Divas & Contrabaixos][Ver também RCTV Libre]

14.5.07

(1) Apedrejamento de curda filmado com telemóvel e divulgado na Net

Por João Pedro Pereira - PUBLICO
14-05-2007


Adolescente de uma minoria religiosa mantinha relação com jovem muçulmano; multidão assistiu e gravou o crime em que participaram familiares da rapariga


Uma jovem curda, de 17 anos, foi apedrejada até à morte por querer casar-se com um homem de religião diferente. O incidente deu-se a 7 Abril, nos arredores de Mossul, no Norte do Iraque. O caso, contudo, só teve eco na comunidade internacional depois de vídeos do espancamento e apedrejamento, filmados com telemóveis, terem sido colocados na Internet.
Os seis pequenos vídeos, de baixa qualidade e muito violentos, foram postos on-line, no início deste mês, no conhecido YouTube. Acabaram por ser retirados pelos administradores do site, mas estão já disponíveis noutros locais.
As imagens mostram uma rapariga deitada no chão, semidespida e rodeada por uma multidão de várias dezenas de homens. A jovem é pontapeada e várias pedras e um bloco de cimento são-lhe atirados à cabeça. Muitos homens estão a fotografar e a filmar com telemóveis.
Um dos vídeos mostra mesmo dois polícias (perto da zona das agressões e aparentemente indiferentes aos acontecimentos), que parecem ser chamados a intervir. A imprensa local indica que o episódio durou meia hora. Mais tarde, o Exército iraquiano acabou por tomar conta do local.
Por causa de um noivo
Dua Khalil Aswad pertencia à religião Yezidi, que é uma mistura de Islão, judaísmo e cristianismo, bem como algumas crenças gnósticas e do zoroastrismo. Falam curdo e não são mais que 600 mil pessoas, concentradas a norte e oriente da cidade de Mosul, no Iraque, e muitas vezes a comunidade teve de enfrentar perseguições por motivos religiosos - chamam-lhes "adoradores do Diabo".
Mas Dua Khalil Aswad mantinha um relacionamento e pretendia casar-se com um sunita muçulmano. A família da jovem opôs-se ao casamento e esta fugiu de casa. Esteve escondida durante quatro meses em casa de um líder religioso muçulmano.
Alguns relatos apontam que Aswad já se teria convertido ao Islão. A conversão foi negada pelas autoridades do Curdistão, que explicaram que o apedrejamento se tratou de vingar o que foi considerado pela família como uma desonra.
Os familiares da jovem tinham-na recentemente persuadido a regressar a casa, convencendo-a de que teria sido perdoada. Entre os responsáveis pelo apedrejamento - uma multidão com cerca de 2000 pessoas - estavam, pelo menos, os irmãos e dois tios da vítima. Muitas das pessoas que assistiam tinham telemóvel, e há múltiplos vídeos do acontecimento.
Manifestação de mulheres
O Governo regional do Curdistão emitiu a 1 de Maio, poucos dias após uma manifestação de mulheres curdas na cidade de Erbil, um comunicado em que condena o assassinato de Dua Khalil Aswad. O comunicado sublinha que a lei iraquiana pune os chamados "crimes de honra" e que vários homens estão a aguardar julgamento por casos semelhantes. Pede ainda que o sistema judicial iraquiano puna os responsáveis pelo assassinato.
As autoridades dizem que foram presas duas pessoas por causa do ape-
drejamento, mas que outras quatro fugiram.
A divulgação dos vídeos na Internet suscitou também reacções por parte da imprensa internacional e de vários grupos de defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional.
A directora da secção portuguesa da Amnistia Internacional, Cláudia Pedra, observa que este tipo de vio-
lência é muito comum na região, mas muitos casos não chegam a ser conhecidos, porque são normalmente levados a cabo pelas famílias, "de forma encapotada". Mas este é o primeiro caso de que Cláudia Pedra tem conhecimento a ser filmado e depois colocado na Internet. (...)


[Anexo deste Post no Divas & Contrabaixos]